Reforma Agrária : mais que uma simples reforma
Àqueles que pensam que a Reforma Agrária trata-se única e exclusivamente de uma exigência da esquerda pela divisão de terras igualmente está enganado. A questão da divisão de território, improdutivo ou não, abrange aspectos políticos, sociais, econômicos e ambientais.
Três obras cinematográficas genuinamente nacionais ilustram muito bem o contexto da Reforma; são eles “Terras para Rose”, “O Sonho de Rose” e “A carne é fraca”.
O primeiro e o segundo, de títulos semelhantes e elaborados pela mesma produtora, tratam da luta do Movimento dos Sem-Terra (MST) pela divisão de território no estado do Rio Grande do Sul em meados de 1985 no processo de ocupação da Fazenda Annoni. Todo o processo de invasão, ocupação, manifestação, conflitos, medidas do governo e oficialização são retratados na primeira obra. Já no segundo filme, feito dez anos depois da invasão do latifúndio, já me 1995, mostra a realidade daqueles que lutaram pelo direito a terra uma década atrás. O que deu certo e o que deu errado na reforma instaurada no RS; muito mais pontos positivos que negativos, diga-se de passagem.
A terceira obra, “A carne é fraca”, fazendo uso de um título bem satírico, revela o que esconde o agronegócio, principal e especialmente, a atividade agropecuária. O que essa cultura promove e o impacto ambiental da mesma. É assustador saber das verdades que se escondem por trás da pecuária e que, muito por culpa dela, os domínios geoecológicos brasileiros foram e vem sendo devastados, que a quantidade de água utilizada no ciclo pecuário é gigantesca e que essa atividade contribui, além de tudo, para a intensificação do efeito estufa e, conseqüentemente, do aquecimento global.
Através desses filmes vê-se que a Reforma Agrária não consiste somente no motivo para que “baderneiros” (como o PIG explicitamente define os movimentos sociais que lutam pela causa) protestem e “destruam” propriedades particulares gigantescas (lê-se latifúndio, concentração de riqueza).
O fim do latifúndio conseqüente da Reforma Agrária só tende a beneficiar o nosso país; a divisão de terras diminui diferenças sociais enormes, propõe um novo modelo de produção, não somente baseado na monocultura, um sistema diversificado e, por isso, vantajoso para o consumidor interno, aquele que será o maior beneficiado (ou pelo menos deveria ser), com maiores opções de escolha, preços baixos (resultantes de subsídios governamentais a terras de assentamento), diminuição do desmatamento e da poluição atmosférica, entre outros.
- Eutrofização : fenômeno causado pelo excesso de nutrientes (compostos químicos ricos em fósforo ou nitrogênio) numa massa de água, provocando um aumento excessivo de algas. Estas, por sua vez, fomentam o desenvolvimento dos consumidores primários e eventualmente de outros elementos da teia alimentar nesse ecossistema. Este aumento da biomassa pode levar a uma diminuição do oxigênio dissolvido, provocando a morte e conseqüente decomposição de muitos organismos, diminuindo a qualidade da água e eventualmente a alteração profunda do ecossistema.
Enfim, não sabemos se esse importante passo para a concretização da “democracia econômica” brasileira está próximo, mas que é uma grande evolução social, isso todos(ou quase todos) temos conhecimento. Resta agora esperar que o poder público tome providências cabíveis à realização deste marco que será se feito no Brasil.
Veja também : http://www.reporterbrasil.com.br/conteudo.php?id=70
Por João Marcos
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