25 de jan. de 2011

Dois pesos e duas medidas



Começa o ano e surgem novas perspectivas, novos planos, nova mentalidade e novo salário. Essa deve ser a proposta da maioria dos brasileiros para 2011. Entretanto, com o veto anunciado pelo Ministro da Fazenda Guido Mantega a um salário mínimo maior que R$ 540,00 parece desfazer alguns dos planos dos trabalhadores desse nosso Brasil vanoril. O intrigante é que, a menos de um mês antes da negativa do ministro ao aumento do mínimo, fora aprovado no Congresso Nacional aumento salarial que ultrapassa 60% para parlamentares e mais de 130% para presidente e vice, o que demonstra a ambigüidade no trato de diferentes setores da sociedade.
No dia 15 de dezembro, na ultima sessão do ano no Congresso Nacional, em caráter de urgência, quase que de última hora, fora votado e aprovado o aumento do salário do executivo e legislativo federal; dando margem, ainda, para que deputados estaduais e vereadores fizessem o mesmo.  O vencimento dos honoráveis representantes do povo saltou de R$ 16.512 mil para R$ 26.723,13, um galope revoltante. Houve quem achasse justo o aumento, como também vozes contrárias a hiperinflação das remunerações.
Menos de um mês depois do estonteante aumento aos parlamentares, o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, anuncia o veto a um possível aumento do salário mínimo superior a R$ 540,00. A justificativa do exímio economista foi que, ultrapassar o valor estipulado poderia trazer prejuízos fiscais à nação. Enquanto alguns poucos se esbaldam em aumentos expressivos e explosivos, uma grande maioria tem de se contentar com um mínimo que justifica o nome.
Sim, Guido não é o responsável por aprovar ou não o salário dos parlamentares e esses por sua vez não foram os que rechaçaram aumento ao mínimo, mas os fatos demonstram as diferenças entre as designações das remunerações. Permitir que congressistas “escolham” seus aumentos é o mesmo que pedir para que um faminto Lobo Mau tome conta de uma indefesa Chapeuzinho Vermelho; e pedir para que esse cenário seja revertido é imaginar que esse mesmo Lobo se torne vegetariano, ou seja, algo impossível.
A mudança nas decisões de interesse da nação passa pela reforma política, essa também de responsabilidade de deputados e senadores. Há uma evidente ambigüidade nas decisões do governo. Enquanto aumentos exorbitantes são aprovados para parlamentares, o trabalhador é obrigado a sobreviver com um mínimo vergonhoso. João Baptista Figueiredo, último presidente do Regime Militar, certa vez quando questionado o que faria caso fosse uma criança e seu pai ganhasse um salário mínimo, foi bem direto : “Daria um tiro na nuca”.
Em suma, se faz necessário e urgentemente uma reforma no sistema político brasileiro. Assuntos que envolvam a vida de milhões de brasileiro merecem um trato mais afável.  Um olhar carinhoso do governo para com o bem estar daqueles que trabalham, lutam e carregam a nação nas costas, é o primeiro e ótimo passo rumo à igualdade.

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